
Artigo de Célia Ladeira – “O cerco a Putin e o apoio chinês”
* Por Célia Ladeira
Representantes do agronegócio brasileiro embarcam para a China. São cerca de uma centena de proprietários de empresas rurais e a viagem antecede a visita do presidente Luiz Inácio da Silva aquele país no final da semana. Mas o presidente chinês, Xi Jinping, que acaba de ser reeleito para um terceiro mandato, tem preocupações mais urgentes. Ele desembarca nesta segunda-feira em Moscou para uma reunião com o presidente russo Vladimir Putin.
Na pauta, sem dúvida, está a emissão de uma ordem de prisão de Putin pelo Tribunal Internacional de Haia. A acusação é de que cerca de 16 mil crianças ucranianas teriam sido levadas para a Rússia e entregues a famílias russas, com registro oficial de adoção. O transporte ilegal das crianças como espólio é considerado um crime de guerra. A consequência da ordem de prisão é que Putin poderá ser preso se pisar em algum país signatário do tribunal.
O Tribunal de Haia é uma corte internacional que está localizada nos Países Baixos e que entrou em vigor em julho de 2002 após atender aos critérios estabelecidos em um documento chamado Estatuto de Roma. Tem jurisdição em 123 países e se dedica a julgar denúncias de crimes de guerra e crimes contra a humanidade, por exemplo.
Os casos julgados em Haia são aqueles em que se considera que houve falha grave do Judiciário de um determinado país. O tribunal realiza o julgamento apenas de indivíduos que cometeram delitos graves previstos no estatuto da corte. Estados ou nações não são julgados pelo tribunal e sim pela Corte Internacional de Justiça, que é ligada à ONU.
Além da ordem de prisão, o presidente russo tem outros assuntos urgentes a conversar com o presidente chinês. Entre alguns temas está sem dúvida o apoio que possa ser oferecido à Rússia pela China quer no campo diplomático quer no campo econômico ou militar.
* Célia Ladeira é jornalista, professora universitária e PhD em Comunicação



