* Por Célia Ladeira
A guerra entre a Rússia e a Ucrânia tem provocado vários governos mundiais a assumirem reações de apoio para um lado ou outro do conflito e as tomadas de posição acabam por prejudicar as relações bilaterais. É o que acontece entre os Estados Unidos e o Irã.
Os dois países se hostilizam há mais de 50 anos e aproveitam agora o momento para dificultar um acordo de troca de prisioneiros. Os entendimentos começaram em março do ano passado e, segundo o governo iraniano, os preparativos para a troca estão prontos. Já os Estados Unidos garantem estar concluindo questões técnicas.
O governo norte-americano alega que, no momento, a maior prioridade são as informações sobre possíveis usos indevidos de energia nuclear. O governo de Joe Biden acusa também o governo de Teerã de estar fornecendo drones armados à Rússia.
A troca de prisioneiros se concentra no momento entre cidadãos norte-americanos presos por prática de espionagem, segundo acusa o governo do Irã, que pretende libertar cidadãos iranianos presos nos Estados Unidos pelo mesmo suposto crime de espionagem.
Segundo a Casa Branca, “o governo iraniano não hesita em tornar tudo mais difícil e causa mais dor para as famílias de Siamak Namazi Filho, Emad Sharghi e Morad Tahbaz”. Estes três personagens são cidadãos norte-americanos de origem iraniana e sua libertação está sendo mediada pelo governo de Omã, país vizinho do Irã.
Como sinal de boa vontade, o governo iraniano acaba de soltar o pai de um dos prisioneiros, que também estava preso. Trata-se de Siamak Namazi, um iraniano-americano de 85 anos e doente. Foi levado de Teerã por um jato da Royal Air Force de Omã, onde está sob cuidados médicos e esperando seu filho, que continua preso sob acusação de espionagem.
De dentro da prisão, no Irã, Namazi Filho foi entrevistado na semana passada pela TV CNN e implorou diretamente ao presidente Joe Biden para negociar sua soltura assim como a dos outros dois presos, o negociante Shaarghi, de 58 anos, e o ambientalista Tahbaz, de 67anos e que tem também cidadania inglesa.
Namazi está preso há sete anos e reforçou o pedido em uma carta ao presidente norte-americano, além de ficar em greve de fome. “Eu estou profundamente arrasado porque a Casa Branca não percebe quão difícil a nossa situação se tornou”, afirmou na entrevista.
* Célia Ladeira é jornalista, professora universitária e PhD em Comunicação
Imagem: The Times
