Brasil assume Presidência do G20, e Lula diz que “geopolítica não pode sequestrar” agenda do bloco

O Brasil assumiu a Presidência simbólica do G20 neste domingo (10/09), durante a Cúpula de Líderes do bloco, em Nova Délhi, na Índia. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu o martelo que representa a liderança do grupo das mãos do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.

A Presidência brasileira começa oficialmente no dia 1° de dezembro, mas a reunião da cúpula, na prática, já encerra a liderança indiana.

No discurso feito durante a transferência da Presidência, Lula criticou o que chamou de “equívocos do neoliberalismo” e disse que o G20 não pode “deixar que questões geopolíticas sequestrem a agenda de discussões das várias instâncias” do bloco.

A menção sobre “geopolítica” segue a linha adotada pela China e pela Rússia com relação às duras discussões sobre a guerra na Ucrânia acontecidas durante a cúpula de Nova Délhi – e se distancia da posição adotada pelos Estados Unidos e Europa.

A cúpula quase acabou em fracasso justamente por causa dessas discussões “geopolíticas”.

O G7, o grupo das grandes economias liberais do mundo, os Estados Unidos e a União Europeia queriam que o bloco adotasse uma declaração final condenando a invasão da Ucrânia pelas forças russas.

Pequim e Moscou resistiram e declararam que não aceitavam nenhuma menção à invasão – e ganharam a queda de braço, já que a declaração final não tem nenhuma palavra dura contra a Rússia e sua invasão ilegal e imotivada do território ucraniano.

Ao se posicionar dessa forma, o presidente Lula mostra um alinhamento maior com a aliança sino-russa, e desagrada o Ocidente.

Em sua fala, Lula também prometeu criar, no âmbito do G20, uma aliança global contra a fome e a pobreza e o que chamou de mobilização global contra a mudança do clima.

Para que comecem a funcionar, as duas iniciativas precisam, antes, ser aprovadas por todos os membros do seleto grupo das maiores economias do mundo.

Por fim, o presidente reafirmou as prioridades que quer dar ao grupo durante a presidência brasileira: lutar pela inclusão social e o combate à fome; defender a transição energética e o desenvolvimento sustentável nos âmbitos social, econômico e ambiental; e pregou a reforma das instituições de governança global – como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e ONU e seu Conselho de Segurança.

Fonte: CNN

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