Como a inteligência artificial pode afetar o futuro do trabalho no Brasil e no mundo

O FMI alerta para os riscos e as oportunidades da tecnologia para a economia e a sociedade

A inteligência artificial (IA) é uma das forças mais poderosas e disruptivas da atualidade, capaz de transformar diversos setores e atividades humanas. Mas quais são os seus impactos no mercado de trabalho, na produtividade e na desigualdade? O Fundo Monetário Internacional (FMI) publicou recentemente um relatório que analisa essas questões e oferece recomendações para os países se prepararem para os desafios e as oportunidades da IA.

Segundo o FMI, a IA pode afetar quase 40% de todos os empregos no mundo, de maneira positiva ou negativa. Em alguns casos, a IA pode aumentar a eficiência e a qualidade do trabalho, complementando as habilidades humanas e gerando novas ocupações e fontes de renda. Em outros casos, a IA pode substituir totalmente ou parcialmente as funções desempenhadas por pessoas, reduzindo a demanda por mão de obra, os salários e até mesmo eliminando empregos.

O relatório do FMI indica que em economias avançadas — como Estados Unidos e Reino Unido — algo entre 60% e 70% dos empregos atuais estão altamente expostos à inteligência artificial. No Brasil, o FMI avalia que 41% dos empregos têm alta exposição à inteligência artificial. Na Índia, esse percentual cai para 26%. Esse critério do estudo do FMI – exposição de um emprego à inteligência artificial — engloba tanto trabalhos que vão se beneficiar da tecnologia como aqueles que estarão ameaçados por ela no futuro.

O FMI alerta que a IA pode agravar a desigualdade tanto dentro como entre os países, se não houver políticas adequadas para mitigar os seus efeitos adversos. A diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, afirma que “na maioria dos cenários, a IA provavelmente piorará a desigualdade geral”. Ela diz que os políticos precisam abordar essa “tendência preocupante” para “evitar que a tecnologia alimente ainda mais as tensões sociais”.

Entre as políticas sugeridas pelo FMI, estão:

– A criação de redes de segurança social abrangentes e programas de reciclagem para os trabalhadores vulneráveis;
– A promoção da igualdade de gênero e da inclusão social, combatendo a discriminação e a exclusão no acesso à educação, à saúde e ao mercado de trabalho;
– A geração de espaço fiscal para investimentos em saúde, educação, infraestrutura e produtividade agrícola, que aumentem o crescimento e reduzam a pobreza;
– A formulação de políticas para enfrentar os desafios relacionados ao futuro do trabalho, dadas as rupturas provocadas pela evolução da tecnologia;
– A cooperação internacional para garantir o uso ético e responsável da IA, bem como para apoiar os países de baixa renda que não têm infraestrutura ou mão de obra qualificada para aproveitar os benefícios da IA.

A inteligência artificial é uma realidade que não pode ser ignorada nem temida, mas sim compreendida e aproveitada. O FMI oferece uma visão abrangente e equilibrada sobre os seus potenciais efeitos na economia e na sociedade, e aponta caminhos para que os países se adaptem e se beneficiem dessa revolução tecnológica.

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