Conselho de Segurança da ONU aprova resolução que prevê pausa humanitária na Faixa de Gaza

Uma resolução proposta por Malta ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) foi aprovada nesta quarta-feira (15/11). O projeto versa sobre a guerra entre Israel e o grupo palestino Hamas.

Esta é a primeira vez que uma resolução sobre o tema é aprovada pelos 15 países que formam o Conselho. Antes dela, foram rejeitadas propostas do Brasil, enquanto estava na presidência do Conselho, da Rússia duas vezes e dos Estados Unidos. Uma outra proposta dos países árabes liderados pela Jordânia foi aprovada na Assembleia-Geral.

O texto teve 12 votos a favor, nenhum voto contra e três abstenções: Estados Unidos, Reino Unido e Rússia. A Rússia propôs uma emenda à resolução que pedia por um cessar-fogo. O texto foi inspirado na resolução aprovada pela Assembleia Geral. A emenda foi rejeitada, com cinco votos a favor, um voto contrário e nove abstenções.

A Rússia foi o único país do Conselho que chegou a se pronunciar sobre a resolução, chamando o texto de “desequilibrado”.

“Gostaria de perguntar aos nossos colegas norte-americanos: vocês eliminaram tudo [no texto] o que pudesse de alguma forma indicar a necessidade de cessar as hostilidades. Isso significa que são a favor de que a guerra no Oriente Médio continue indefinidamente?”, disse Vassily A. Nebenzia, embaixador da Rússia na ONU, antes da votação.

Entre outras medidas, o projeto aprovado nesta quarta prevê:

– Proteção de crianças na Faixa de Gaza.

– Uma pausa nos ataques, que deverá permanecer em vigor por tempo suficiente para que a ajuda humanitária chegue à população civil de Gaza. O objetivo é “facilitar o fornecimento contínuo, suficiente e sem entraves de bens e serviços essenciais — incluindo água, eletricidade, combustível, alimentos e suprimentos médicos”.

– Todas as partes envolvidas na guerra devem evitar privar a população do território palestino de serviços básicos e da “assistência humanitária indispensáveis à sua sobrevivência”.

– Liberação dos reféns israelenses tomados pelo Hamas.

– Reparações de emergência em infraestruturas essenciais em Gaza; evacuação de crianças doentes ou feridas e de seus cuidadores; e esforço nas ações de resgate de pessoas que desapareceram o edifícios danificados e destruídos.

– Permitir o acesso completo das agências da ONU e de seus parceiros — como o Comitê Internacional da Cruz Vermelha e outras organizações humanitárias imparciais.

A resolução também reafirma que “todas as partes do conflito devem cumprir com suas obrigações” perante as leis internacionais, reiterando que essas regras garantem a proteção total a crianças. O texto não condena Israel nem chama de “atos terroristas” os ataques feitos por Hamas em 7 de outubro.

Antes do início da votação, Vanessa Frazier, representante permanente de Malta junto da ONU, afirmou que “inúmeros civis estão agora sofrendo as consequências devastadoras que o conflito armado traz consigo”.

“[Esta resolução] salvará vidas. Precisamos de um esforço coletivo para conseguir ajuda o mais rápido possível através de tantas rotas quanto possível”, disse Barbara Woodward, representante permanente do Reino Unido na ONU, após a votação.

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