Três embaixadores, que representarão o Brasil em mais de dez países com os quais o país mantém relações diplomáticas, foram sabatinados, na última quinta-feira (15/06), pelos senadores da Comissão de Relações Exteriores. Eles chefiarão as embaixadas na Austrália, na Romênia e na Itália e acumularão a função de representantes em outros países próximos. Além de perguntas de senadores, eles responderam também perguntas enviadas pelo público pelo E-Cidadania.
Embaixada na Romênia
A Comissão de Relações Exteriores (CRE) aprovou na quinta-feira a indicação do diplomata Ricardo Guerra de Araújo, ministro de primeira classe, para a chefia da embaixada brasileira em Bucareste, capital da Romênia.
Na sabatina, Guerra destacou o fato de a Romênia possuir uma posição crítica em relação à Rússia, especialmente após a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022. Lembrou que se trata de nações vizinhas. Acrescentou que a Romênia tem defendido “de forma incondicional”, em todos os foros internacionais onde atua, que a Ucrânia deve ser reconhecida “em toda sua grandeza territorial”, incluindo a Crimeia, anexada pela Rússia em 2014. O diplomata enfatizou que a tensão geopolítica na região fez a Romênia se aproximar ainda mais dos EUA e reforçar seus laços com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aumentando também de forma significativa seus investimentos em defesa.
“A Romênia é hoje um dos mais críticos da Rússia dentro da ONU e no âmbito do Tribunal Penal Internacional. Vem apoiando as sanções econômicas para isolar Moscou no cenário internacional, praticamente desde o início do conflito com a Ucrânia. A Romênia também fornece importante apoio à Ucrânia, acolhendo refugiados, prestando ajuda energética e humanitária bastante relevante à nação vizinha, além de já ter facilitado o transporte de 13,5 milhões de toneladas de grãos da Ucrânia para o resto do mundo”, informou Guerra.
O diplomata também abordou o reforço da presença militar da Otan em território romeno, sendo hoje o flanco mais oriental da organização na Europa. O incremento no orçamento de defesa subiu de 2% para 2,5% do PIB romeno, chegando a US$ 5,5 bilhões anuais.
Embaixada na Itália
Os senadores da Comissão de Relações Exteriores aprovaram a indicação do diplomata Renato Mosca de Souza para a chefia da embaixada brasileira em Roma, capital da Itália. A indicação (MSF 29/2023) será agora analisada pelo Plenário do Senado.
O relatório pela aprovação, elaborado pelo senador Humberto Costa (PT-PE) e apresentado pelo senador Cid Gomes (PDT-CE), destacou o estoque expressivo de investimentos de empresas italianas na economia brasileira, além da relevância do comércio bilateral.
“Cerca de 1 mil empresas italianas operam por aqui, gerando em torno de 150 mil empregos diretos. E dados do Ministério da Economia apontam que as trocas comerciais alcançaram US$ 10,5 bilhões em 2022, um crescimento de 12% em relação a 2021. Exportamos US$ 4,9 bilhões para a Itália, e importamos US$ 5,6 bilhões”, destacou Cid Gomes.
Já em relação à participação de empresas brasileiras investindo na Itália, o estoque de investimentos ultrapassou US$ 600 milhões, acrescentou o senador.
O diplomata chamou a atenção para a atuação de grandes empresas brasileiras na nação europeia, como a JBS, Latam, Weg, Grendene e a rádio Antena 1. No caso da Antena 1, o diplomata valoriza o fato de a emissora ajudar muito na divulgação da cultura brasileira na Itália. Ele também destacou que cerca de 100 mil brasileiros vivem na Itália atualmente.
Em relação às trocas bilaterais, Renato Mosca de Souza ressaltou o fato de o comércio mútuo estar em expansão, confirmando o crescimento de 12% em relação a 2021. Apenas entre janeiro e março de 2023, as trocas bilaterais alcançaram US$ 2,5 bilhões, um crescimento de 8%. Também foi lembrado pelo diplomata que a Itália está entre os 10 maiores investidores do Programa de Parceria de Investimentos (PPI) brasileiro, com quase R$ 11 bilhões investidos. Ele acrescentou também que a Itália é a maior importadora de carne bovina brasileira dentro da União Europeia.
Embaixada na Austrália
Por fim, a Comissão de Relações Exteriores aprovou a indicação do diplomata Claudio Frederico de Matos Arruda para a chefia da embaixada brasileira na Austrália. O relatório pela aprovação, da senadora Tereza Cristina (PP-MS), apontou, entre outros pontos, o déficit crônico que o Brasil apresenta nas relações comerciais com a nação da Oceania.
“No âmbito do comércio bilateral, o intercâmbio foi de US$ 3,4 bilhões em 2022, sendo US$ 732,8 milhões de exportações brasileiras e importações de US$ 2,7 bilhões”, apontou a senadora, registrando o déficit de quase U$ 2 bilhões, apesar de as exportações brasileiras terem crescido mais de 30% em 2022.
O aumento e a diversificação do comércio bilateral são citados entre as principais metas do indicado. No relatório, Tereza Cristina destaca também que a embaixada na Austrália deve trabalhar visando atrair mais investimentos de empresas australianas no setor de hidrogênio verde brasileiro, que já responde por presença significativa de capitais da nação oceânica no Brasil. Já o presidente da CRE, Renan Calheiros (MDB-AL), solicitou a Arruda focos específicos visando superar o que chamou de “déficit expressivo” nessa relação comercial.
Na documentação enviada pelo Itamaraty à CRE, a pasta destaca que um dos focos será fazer gestões pela remoção da barreira comercial da Austrália à importação de cachaça. O Brasil já vem questionando formalmente a Austrália por sua posição desde 2019 na Organização Mundial do Comércio (OMC), e o tema tem sido debatido pelos dois países no âmbito do Comitê de Barreiras Técnicas ao Comércio.
Fonte: Agência Senado
