Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Síria, Bashar al-Assad, se reuniram no Kremlim nesta quarta-feira (16/03), para discutir uma ampla gama de questões políticas e econômicas. Após o encontro com Putin, o presidente da Síria conversou com o site Sputnik.
Em uma entrevista exclusiva, o líder da Síria falou sobre o reconhecimento de Damasco das novas fronteiras da Rússia com os territórios que se juntaram conforme os resultados dos referendos, sobre as perspectivas de expansão da presença militar russa no país, bem como sobre a Terceira Guerra Mundial que já está em curso em prol do Ocidente. Leia abaixo alguns trechos da entrevista:
Expansão da presença russa na Síria
O presidente sírio, Bashar al-Assad, chamou a expansão da presença militar da Rússia na República Árabe de uma boa ideia, durante entrevista à Sputnik.
Segundo o presidente da República Árabe, na véspera os lados russo e sírio ao nível dos ministros da Defesa discutiram questões de cooperação militar, mas o tópico específico de bases não foi levantado.
“Acreditamos que se a Rússia quer expandir bases ou aumentar seu número, é uma questão técnica ou logística. Se houver tal desejo, acreditamos que a expansão da presença russa na Síria cai bem, servirá essa ideia”, declarou Assad.
Para o presidente da Síria, os partidos têm uma visão comum sobre a questão das bases em termos políticos e militares.
“Não costumamos declarar que tipo de cooperação será entre nós e a Rússia. Porque é uma questão militar, que sempre tem um tipo de sigilo. É normal”, disse o líder sírio.
Ao mesmo tempo, o líder sírio expressou confiança de que a presença militar da Rússia não deve ser temporária e limitada à luta contra o terrorismo. “Falamos de equilíbrio internacional, e a presença da Rússia na Síria tem um significado, ligado ao equilíbrio de forças no mundo como um país localizado no Mediterrâneo”, sublinhou ele.
Reconhecimento de novas fronteiras russas
Durante a entrevista, Bashar al-Assad lembrou que Damasco reconhece as novas fronteiras da Rússia com os territórios que se juntaram conforme os resultados dos referendos: República Popular de Donetsk (RPD), República Popular de Lugansk (RPL) e as regiões de Kherson e Zaporozhie.
Ele ressaltou que a Síria reconheceu essas regiões antes de se juntarem à Rússia.
“Esta questão estava clara para nós desde o início e não hesitaremos em nossa posição. O posicionamento da Síria é claro e ao mesmo tempo determinado, estamos convencidos desta questão, não apenas por amizade com a Rússia, mas também por se tratar desses territórios”, disse o presidente sírio.
3ª Guerra Mundial lançada pelo Ocidente
Também durante a conversa com o site Sputnik, o líder sírio falou sobre o conflito na Ucrânia. Ele declarou que o Ocidente coletivo lançou a Terceira Guerra Mundial, que é travada pelos nazistas na Ucrânia na forma de uma guerra por procuração e por terroristas na Síria.
“Acredito que a Terceira Guerra Mundial está acontecendo, mas é diferente em forma. Quero dizer, guerras mundiais costumavam ser tradicionais. Os exércitos de várias nações agiam contra vários outros. Agora, essa situação existe, mas por causa das armas modernas, especialmente as armas nucleares, há um impedimento à guerra tradicional, então as guerras vão na direção de guerras por procuração.”
Segundo ele, hoje Vladimir Zelensky está travando uma guerra em nome do Ocidente com seu Exército composto de nazistas. “O mesmo, terroristas são exércitos agindo em nome do Ocidente na Síria e em outras regiões”, acrescentou Assad.
“O povo da Síria apoia a Rússia na realização da operação militar especial na Ucrânia, após a vitória da Federação da Rússia, o mundo se tornará mais seguro e calmo”, declarou Bashar al-Assad.
Coalizão contra hegemonia dos Estados Unidos
Uma coalizão dos países é necessária para combater a hegemonia dos Estados Unidos no mundo, a Rússia e a China têm uma responsabilidade especial a esse respeito, disse o presidente sírio Bashar al-Assad, em entrevista ao site Sputnik.
“Não podemos dizer, que existe tal Estado que pode acabar com a agressão americana, que dura pelo menos três décadas desde o colapso da União Soviética ou até mais – desde a Guerra da Coreia. Mas há métodos diferentes. Se estamos falando de atividades políticas, precisamos de uma coalizão entre vários países.”
De acordo com ele, há alguns países que podem contribuir para um mundo multipolar.
“A Rússia e a China têm uma responsabilidade considerável a esse respeito. Há países do bloco BRICS, há outros países que começaram a se distanciar dos EUA e perder a fé em Washington, sentindo que os EUA são uma ameaça à estabilidade mundial”, acrescentou o presidente sírio.
Fonte: Sputnik News
