Indicador da Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar) e da Fundação Instituto de Administração (FIA) Business School indica que as vendas do varejo devem desacelerar no período de dezembro 2023 a fevereiro de 2024. As vendas do varejo restrito, que excluem veículos, motos, partes e peças e material de construção, devem recuar 0,6%. No conceito varejo ampliado, que considera todos os segmentos, deve haver expansão de apenas 0,2%.
Dos 11 segmentos monitorados pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (FIBGE), cinco devem mostrar desempenho negativo no início de 2024, sendo eles livros, jornais, revistas e papelaria (-0,3%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,0%), veículos, motos, partes e peças (-3,6%), hipermercados e supermercados (-0,2%), e móveis e eletrodomésticos (-1,4%). Identificou-se estabilidade para hipermercados, supermercados, produtos alimentícios e bebidas, equipamentos e material para escritório, informática e comunicação e combustíveis e lubrificantes.
Projeta-se crescimento apenas para artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos de perfumaria e cosméticos (1,6%), material de construção (0,5%) e tecidos e vestuário (1,6%). Ou seja, considerando todos os setores, observa-se expansão apenas para menos de 30% do número de segmentos.
“Embora a inadimplência venha caindo com a melhora da massa real de pagamentos, a verdade é que o fôlego de consumo é reduzido, principalmente considerando as incertezas políticas que permeiam o cenário econômico, advindas do âmbito interno, risco de manutenção das taxas de juros em patamares muito elevados, como externo, ou seja, aquelas associadas a escalada de conflitos e suas consequências” afirma o professor Claudio Felisoni de Angelo, presidente do Ibevar e professor da FIA Business School.
Por outro lado, segundo o Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA), as vendas no varejo em novembro cresceram 0,5%, descontada a inflação, em comparação com o mesmo mês de 2022. A alta interrompeu sequência de sete meses seguidos de queda. Em termos nominais, que espelham a receita de vendas observadas pelo varejista, o crescimento foi de 4,2%.
Em um mês marcado pela Black Friday, os macrossetores de serviços e de bens duráveis e semiduráveis cresceram 1,2% e 1,1%, respectivamente. Os segmentos que mais se destacaram foram os de turismo e transporte e óticas e joalheiras. Já o macrossetor de bens não duráveis teve queda de 0,1% no faturamento. Nesse caso, o segmento de livrarias e papelarias registrou o resultado mais negativo.
Efeitos de calendário contribuíram para o crescimento. Novembro de 2023 contou com uma terça-feira a menos e uma quinta-feira a mais que o mesmo mês de 2022. Tradicionalmente, a quinta-feira é um dia mais forte para o comércio.
“O mês de novembro foi impactado pela Black Friday. Vimos também o fortalecimento do aumento de vendas ao longo do mês, período apelidado de Black November. As promoções começam no início do mês e seguem até a semana da Cyber Week. Especialmente na sexta-feira, a Black Friday propriamente, o faturamento tem crescido ano após ano” afirma Carlos Alves, vice-presidente de Tecnologia e Negócios da Cielo.
Ainda segundo o estudo, o varejo eletrônico cresceu no último novembro 5,3% enquanto as vendas presenciais subiram 3,9% em relação ao mesmo mês de 2022.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), prévia do IPCA divulgada pelo IBGE, registrou alta de 0,33% para o mês de novembro. Segundo o instituto, o principal impacto de alta vem do aumento de preço nos segmentos de alimentação e bebidas e de vestuário. Ao ponderar o IPCA e o IPCA-15 pelos setores e pesos do ICVA, a inflação do varejo ampliado acumulada em 12 meses em novembro foi de 3,7%.
De acordo com o ICVA deflacionado e com ajuste de calendário, os resultados de cada região em relação a novembro de 2022 foram: Sudeste (0,5%), Sul (0,4%), Centro-Oeste (-0,5%), Nordeste (-0,7%) e Norte (-1,5%).
Pelo ICVA nominal – que não considera o desconto da inflação – e com ajuste de calendário, os resultados de cada região foram: Sudeste (5,2%), Sul (3,0%), Centro Oeste (2,1%), Norte (2,0%) e Nordeste (1,4%).
Fonte: Monitor Mercantil
