O coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, prestou depoimento de aproximadamente nove horas à Polícia Federal. O depoimento teve início nessa segunda-feira (11/03) e foi até a madrugada de terça-feira (12/03).
O advogado do militar, Cezar Bittencourt, disse à TV Brasil que o depoimento foi positivo, tanto para Mauro Cid quanto para as investigações da polícia. Segundo ele, foram esclarecidos desdobramentos relativos à suposta tentativa de golpe de Estado, porém sem informar detalhes do que foi falado.
De acordo com a TV Brasil, Mauro Cid respondeu a perguntas sobre a investigação que apura fraude no cartão de vacina do ex-presidente Jair Bolsonaro e sobre as joias vindas da Arábia Saudita. Além disso, mensagens encontradas no celular de Mauro Cid mostram que, apesar de relatórios e reuniões garantirem que as urnas eletrônicas são seguras, deu-se continuidade à elaboração da minuta do golpe.
Mauro Cid fala sobre joias
O ex-ajudante de ordens é apontado como o articulador da emissão de cartões falsos de vacinação para covid-19 para o ex-presidente Jair Bolsonaro e familiares dele. Outro inquérito investiga as suspeitas de que, com ajuda de assessores e pessoas próximas, Bolsonaro tentou se apropriar indevidamente de joias que, supostamente, recebeu de presente de autoridades públicas sauditas. Devido ao valor de tais joias, elas legalmente deveriam passar a compor o patrimônio da União.
Esta foi a sétima vez que Mauro Cid esteve na Polícia Federal. Em três delas, ficou em silêncio. Após firmar acordo de delação premiada, o coronel passou a responder a todas as perguntas feitas nos últimos quatro interrogatórios.
Na PF, Mauro Cid abriu o jogo
Durante o depoimento, Cid foi alertado por agentes que poderia perder os benefícios da delação premiada caso não prestasse informações que fossem importantes para o avanço das investigações sobre o suposto plano para se dar um golpe de estado no Brasil.
Um ponto que incomodou bastante os investigadores diz respeito justamente ao vídeo da reunião ministerial em que Jair Bolsonaro criticou o sistema eleitoral e dava diretrizes de atuação aos ministros. Esse material, achado em uma busca e apreensão executada contra Cid, é tido como determinante para a confirmação da tese de que o ex-presidente da República estava envolvido na suposta trama golpista.
O ex-presidente da República nega que tenha tido qualquer intenção de se dar um golpe de estado no Brasil. Durante os atos de 25 de fevereiro, Jair Bolsonaro afirmou que “golpe é tanque na rua”.
“O que é golpe? Golpe é tanque na rua. É arma, é conspiração. É trazer classes políticas para o seu lado. Empresariais. É isso que é golpe. Nada disso foi feito no Brasil. Fora isso, por que continuam me acusando de golpe? Agora o golpe é porque tem uma minuta de um decreto de estado de defesa. Golpe usando a Constituição?”, declarou.
A frase, no entanto, vai ser usada por agentes federais contra o próprio ex-presidente.
Foi a sétima vez que o ex-ajudante de ordens fica de frente com os investigadores. Essa é a quarta oitiva desde que fechou a delação. O depoimento durou mais de 9 horas e tratou também da venda ilegal das joias e fraude nos cartões de vacinação. Ele voltou à PF para preencher lacunas abertas na linha do tempo da trama golpista após os depoimentos dos ex-comandantes das Forças Armadas. A avaliação geral é de que a oitiva teria esclarecido as dúvidas deixadas pelos relatos dos militares.
Leia mais sobre o assunto na Agência Brasil.
Outras notícias sobre Mauro Cid e o inquérito comandado pela Polícia Federal estão na seção Política do Infoflashbr.
Fonte: Agência Brasil
Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil
