Ministro da Fazenda diz que o Brasil “é um negócio difícil de administrar”

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que afirmou que o Brasil é “um negócio difícil de administrar” e uma “encrenca”. A fala do ministro da Fazenda se deu em um evento sobre empreendedorismo, realizado na cidade de São Paulo no último sábado (15/06).

Haddad participou de um painel com o ex-banqueiro e empresário Eduardo Moura, criador do Instituto Conhecimento Liberta (ICL), que organizou o evento. Em meio a derrotas do governo no Congresso, Haddad criticou a falta de diálogo com o Legislativo.

“Quando vamos pra Brasília, não vamos dialogar, vamos nos defender. Você fica o tempo todo apreensivo. Por que essa espuma toda para criar cizânia na sociedade? Por que não focamos no que vai mudar pra melhor a vida as pessoas?”

O ministro da Fazenda lembrou o fato de que, “às vezes”, pessoas que estão em posição de poder não fazem “a coisa certa pelo país”, e que lidar com esse fato seria a parte mais difícil da vida pública. “Estou dentro do Estado em posição de responsabilidade, não de poder.”

Recordando sua trajetória profissional e seus laços com o empreendedorismo, Haddad disse que não trocaria sua experiência de 18 anos trabalhando na loja de seu pai, na rua 25 de Março, centro de comércio popular da capital paulista, pelos diplomas em Economia, Filosofia e Direito na USP. “Foi um período muito rico, de aprender a respeitar as pessoas.

O ministro afirmou que não é político profissional, mas que se vê como professor. Ele lamentou ainda brasileiros que dizem querer mandar seus filhos para o exterior, caso prosperem economicamente. “Não é esse país que queremos.”

“Nunca vi país que deu certo sem um projeto coletivo”, afirmou, acrescentando que o Brasil não está condenado a ser uma nação de porte médio, mas que pode ser “grande”.

O ministro do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, Márcio França, participou do mesmo evento na sexta-feira. Ele afirmou que pretende mudar, até agosto, as faixas de tributação para microempreendedores individuais (MEIs). A proposta do ministro é criar uma faixa intermediária para os MEIs que faturam entre R$ 81 mil, atual teto para o faturamento, e R$ 102 mil.

“Brasil não precisa ser quintal de ninguém”, disse o ministro da Fazenda

Haddad afirmou também que o Brasil tem condições de ser um país “grande”, e que não há motivos para se contentar em ter um porte médio na economia. “O Brasil não precisa ser quintal de ninguém, somos metade da América do Sul, temos que ser parceiros dos Estados Unidos, da Europa, da China, integrar o continente latino-americano”, disse.

Para ele, o país tem condições de ser “amigo de todo mundo” e de atuar para resolver conflitos externos. Haddad ressaltou que o país é mais respeitado externamente do que internamente.

Questionado sobre a vocação do país, ele afirmou que o Brasil tem condições de ser uma “potência sócio-ambiental”, mas que barreiras protecionistas estão se elevando no mundo, e que questionamentos sobre a sustentabilidade da produção nacional serão usados por países desenvolvidos para tentar barrar as exportações brasileiras e de outras nações em desenvolvimento.

O ministro citou preocupação, ainda, com o fato do desenvolvimento tecnológico poder compensar a falta de recursos naturais em outros países. “Se não aproveitarmos, o mundo vai acabar superando as nossas vantagens naturais com tecnologia”, disse Haddad no evento em São Paulo. “Se você der tempo para a tecnologia, ela dá a volta por cima, supre o que a natureza não ofereceu.”, completou.

Leia também: Lula diz que Haddad “jamais será enfraquecido” enquanto ele for presidente

Outras notícias e informações na seção Política do Infoflashbr.

Fonte: Jornal Valor Econômico

Sair da versão mobile