O relatório anual sobre os gastos domiciliares dos brasileiros da Kantar intitulado Domestic View mostra que 69% dos lares do país fecharam o ano de 2022 endividados. Segundo dados do primeiro trimestre deste ano, 73% dos brasileiros precisam adaptar padrões de compra mensalmente. Para 33% o salário mal cobre as despesas do mês.
A cesta de bens de consumo massivo (FMCG), composta por alimentos, bebidas, artigos de limpeza do lar e itens de higiene e cuidados pessoais, ocupou o maior share de gastos do brasileiro, representando 54% do montante. Os artigos de limpeza, por sua vez, foram os que mais impactaram a renda da população em 2022, com 15% mais gastos médios do que em 2021.
Todas as camadas sociais vêm necessitando gerenciar gastos de alguma maneira. Na classe AB houve um salto em endividamento, que subiu 9,8% em um ano. O cenário econômico se mostra mais desafiador entre os jovens. Nos lares com pessoas até 29 anos, a taxa dos que se sentem mais pressionados e com dificuldade para pagar as despesas fixas é de 37%, enquanto nos lares 50+, esse índice cai para 29%.
Além disso, todas as regiões brasileiras analisadas apresentaram taxa de endividamento maior do que em 2021. Na média brasileira, a relação renda x gasto foi de – 21% em 2022, com renda de R$ 1.614 e gasto de R$ 2.042. A Grande São Paulo apresentou a relação mais negativa, com -31%, e o Sul do país foi a região com menor endividamento, de -6%.
Para este ano, com 800 mil famílias incluídas no Bolsa Família, reajuste no valor do salário mínimo, desemprego em queda, número de trabalhadores informais caindo 8% e previsão de inflação menor, o cenário pode ser diferente.
O desembolso dos lares com animais de estimação segue em alta, mas com movimentações diferentes em cada classe social: a classe C, por exemplo, aumentou as despesas com alimentação para pets em detrimento de compra de animais domésticos, acessórios e artigos de higiene. Já a Classe DE gastou mais com despesas veterinárias, acessórios e artigos de higiene e diminuiu gastos com alimento e compra de animais domésticos.
Os gastos dos brasileiros com internet e streaming de vídeo continuam crescendo, enquanto a contratação de TV paga vem registrando queda desde 2019.
O desembolso com TV por assinatura saiu de 23% em 2021 para 17% no ano passado, para que sobrasse orçamento para o gasto com acesso à internet. As despesas com streaming de vídeo cresceram 23% entre 2021 e 2022.
O estudo foi realizado com 4.915 domicílios brasileiros, que representam mais de 58 milhões de lares, em outubro e novembro de 2022.
Já segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), no primeiro mês do Programa Desenrola Brasil foram registrados R$ 9,5 bilhões em volume financeiro negociados, exclusivamente pela Faixa 2, no qual os débitos bancários são negociados diretamente com a instituição financeira em condições especiais. Essa faixa inclui as dívidas bancárias dos clientes que tenham renda mensal superior a dois salários mínimos e menor que R$ 20 mil e que não estejam incluídos no Cadastro Único do Governo Federal.
Da mesma forma, nos 33 dias entre os 17 de julho e 18 de agosto, o número de contratos de dívidas negociados chega a 1,5 milhão, beneficiando um universo de 1,1 milhão de clientes bancários.
Nesse mesmo período, dados atualizados mostram que apenas as instituições financeiras retiraram as anotações negativas (desnegativaram) de cerca de 6 milhões de registros de clientes que tinham dívidas bancárias de até R$ 100. O prazo para essa baixa de registros se encerrou em 27 de julho. Esse balanço não inclui baixas de registros de outros credores não bancários.
Fonte: Monitor Mercantil
