Os Estados Unidos lançaram na quinta-feira (8) ataques aéreos contra alvos do Irã na Síria, em resposta aos ataques com foguetes contra as suas forças no Iraque. A ação, autorizada pelo presidente Joe Biden, foi a primeira operação militar dos EUA sob o seu comando. Segundo o Pentágono, os ataques visaram “infraestruturas utilizadas por grupos militantes apoiados pelo Irã”, como a Kataib Hezbollah e a Kataib Sayyid al-Shuhada, que são responsáveis pelos ataques contra as forças da coligação liderada pelos EUA no Iraque
O Pentágono afirmou que os ataques foram “proporcionais” e “defensivos”, e que tinham como objetivo “desencorajar futuros ataques” contra as forças dos EUA e dos seus aliados na região. O secretário de Defesa, Lloyd Austin, disse que os EUA agiram em “autodefesa” e que tinham “confiança” de que os alvos atingidos eram usados pelos grupos militantes iranianos
Os ataques dos EUA foram criticados pela Rússia, que é aliada do Irã e da Síria. O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, disse que os ataques foram uma “agressão descarada” e que violaram o direito internacional e a soberania da Síria. Ele também disse que os EUA não informaram a Rússia sobre os ataques com antecedência, apesar de existir um canal de comunicação entre os dois países para evitar incidentes na Síria
O Irã também condenou os ataques dos EUA e disse que eles vão “intensificar as tensões” na região. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Saeed Khatibzadeh, disse que os EUA devem “respeitar a integridade territorial e a soberania nacional da Síria” e que devem “parar de violar o direito internacional”. Ele também disse que o Irã não está envolvido nos ataques contra as forças dos EUA no Iraque e que apoia o diálogo entre os países da região
A Síria também denunciou os ataques dos EUA e disse que eles são uma “covardia” e uma “violação flagrante” da sua soberania. O Ministério dos Negócios Estrangeiros sírio disse que os ataques são uma “tentativa de impedir o progresso do exército sírio na luta contra o terrorismo” e que vão “aumentar a determinação da Síria em defender o seu povo e a sua terra”. O ministério também pediu ao Conselho de Segurança da ONU que tome medidas para “impedir a repetição desses ataques” e para “responsabilizar os EUA pelas suas ações criminosas”
Os ataques dos EUA na Síria ocorrem num momento em que o governo Biden tenta retomar as negociações com o Irã sobre o acordo nuclear de 2015, que foi abandonado pelo ex-presidente Donald Trump em 2018. O acordo, assinado pelo Irã e pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, mais a Alemanha, previa o alívio das sanções contra o Irã em troca de limites ao seu programa nuclear. O Irã, porém, tem aumentado o seu enriquecimento de urânio e restringido o acesso dos inspetores internacionais às suas instalações nucleares, em resposta às sanções dos EUA.
Os ataques dos EUA na Síria também podem ter impacto nas relações com a Rússia, que estão em baixa devido a questões como a interferência eleitoral, o ciberataque à SolarWinds, o envenenamento e a prisão do opositor russo Alexei Navalny e a situação na Ucrânia. Biden e o presidente russo, Vladimir Putin, tiveram uma conversa telefônica em janeiro, na qual concordaram em estender o tratado de redução de armas nucleares New START por mais cinco anos, mas também expressaram as suas divergências sobre vários assuntos.
Os ataques dos EUA na Síria mostram que o governo Biden está disposto a usar a força militar para defender os seus interesses e os dos seus aliados no Médio Oriente, mas também podem complicar os seus esforços diplomáticos para resolver os conflitos com o Irã e a Rússia. A questão é como equilibrar a pressão e o diálogo com esses países, sem provocar uma escalada da violência na região.
Fonte: Redação Infoflash
