Rússia critica “agressão descarada” dos EUA, Washington defende ataques proporcionais

Os Estados Unidos lançaram ataques aéreos contra alvos do Irã na Síria, em resposta aos ataques com foguetes contra as suas forças no Iraque

Os Estados Unidos lançaram na quinta-feira (8) ataques aéreos contra alvos do Irã na Síria, em resposta aos ataques com foguetes contra as suas forças no Iraque. A ação, autorizada pelo presidente Joe Biden, foi a primeira operação militar dos EUA sob o seu comando. Segundo o Pentágono, os ataques visaram “infraestruturas utilizadas por grupos militantes apoiados pelo Irã”, como a Kataib Hezbollah e a Kataib Sayyid al-Shuhada, que são responsáveis pelos ataques contra as forças da coligação liderada pelos EUA no Iraque

O Pentágono afirmou que os ataques foram “proporcionais” e “defensivos”, e que tinham como objetivo “desencorajar futuros ataques” contra as forças dos EUA e dos seus aliados na região. O secretário de Defesa, Lloyd Austin, disse que os EUA agiram em “autodefesa” e que tinham “confiança” de que os alvos atingidos eram usados pelos grupos militantes iranianos

Os ataques dos EUA foram criticados pela Rússia, que é aliada do Irã e da Síria. O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, disse que os ataques foram uma “agressão descarada” e que violaram o direito internacional e a soberania da Síria. Ele também disse que os EUA não informaram a Rússia sobre os ataques com antecedência, apesar de existir um canal de comunicação entre os dois países para evitar incidentes na Síria

O Irã também condenou os ataques dos EUA e disse que eles vão “intensificar as tensões” na região. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Saeed Khatibzadeh, disse que os EUA devem “respeitar a integridade territorial e a soberania nacional da Síria” e que devem “parar de violar o direito internacional”. Ele também disse que o Irã não está envolvido nos ataques contra as forças dos EUA no Iraque e que apoia o diálogo entre os países da região

A Síria também denunciou os ataques dos EUA e disse que eles são uma “covardia” e uma “violação flagrante” da sua soberania. O Ministério dos Negócios Estrangeiros sírio disse que os ataques são uma “tentativa de impedir o progresso do exército sírio na luta contra o terrorismo” e que vão “aumentar a determinação da Síria em defender o seu povo e a sua terra”. O ministério também pediu ao Conselho de Segurança da ONU que tome medidas para “impedir a repetição desses ataques” e para “responsabilizar os EUA pelas suas ações criminosas”

Os ataques dos EUA na Síria ocorrem num momento em que o governo Biden tenta retomar as negociações com o Irã sobre o acordo nuclear de 2015, que foi abandonado pelo ex-presidente Donald Trump em 2018. O acordo, assinado pelo Irã e pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, mais a Alemanha, previa o alívio das sanções contra o Irã em troca de limites ao seu programa nuclear. O Irã, porém, tem aumentado o seu enriquecimento de urânio e restringido o acesso dos inspetores internacionais às suas instalações nucleares, em resposta às sanções dos EUA.

Os ataques dos EUA na Síria também podem ter impacto nas relações com a Rússia, que estão em baixa devido a questões como a interferência eleitoral, o ciberataque à SolarWinds, o envenenamento e a prisão do opositor russo Alexei Navalny e a situação na Ucrânia. Biden e o presidente russo, Vladimir Putin, tiveram uma conversa telefônica em janeiro, na qual concordaram em estender o tratado de redução de armas nucleares New START por mais cinco anos, mas também expressaram as suas divergências sobre vários assuntos.

Os ataques dos EUA na Síria mostram que o governo Biden está disposto a usar a força militar para defender os seus interesses e os dos seus aliados no Médio Oriente, mas também podem complicar os seus esforços diplomáticos para resolver os conflitos com o Irã e a Rússia. A questão é como equilibrar a pressão e o diálogo com esses países, sem provocar uma escalada da violência na região.

Fonte: Redação Infoflash

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