Segundo reportagem do jornal The New York Times, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou em uma reunião em julho de 2021, seis meses depois de deixar a Casa Branca, que reteve em sua posse informações militares “secretas” e “altamente confidenciais”, e que não havia retirado o sigilo das mesmas.
Essa reunião já havia sido relatada anteriormente, mas novos detalhes dos comentários específicos de Trump parecem demonstrar explicitamente que ele estava ciente de que os materiais que havia retirado da Casa Branca incluíam informações sigilosas. A gravação pode vir a se tornar uma peça-chave de evidência no caso contra o ex-presidente que o procurador especial Jack Smith instaurou nesta semana, com sete acusações relacionadas à posse de material confidencial.
Trump também indicou que não poderia mostrar o documento para as pessoas na frente dele – muitas das quais, senão todas, não tinham autorizações de segurança que lhes permitissem ver material sensível do governo – e acrescentou: “Como presidente, eu poderia ter desclassificado, agora não posso”.
O ex-presidente então disse que o documento era “altamente sigiloso” e uma mulher na sala respondeu: “Agora temos um problema”, de acordo com a gravação.
Muitos detalhes do que é dito na gravação foram relatados anteriormente pela CNN, que também informou pela primeira vez sobre a existência do áudio. Um porta-voz de Trump não respondeu a um e-mail do New York Times sobre as novas informações.
A reunião ocorreu em julho de 2021, quando funcionários do Arquivo Nacional já haviam passado pelo menos dois meses pressionando os representantes de Trump a devolver os documentos que acreditavam que ele possuía.
A transcrição demonstra que Trump não apenas sabia que tinha material confidencial, mas o tinha com ele em seu clube em Bedminster, onde ocorreu a reunião, e que ele sabia que não tinha mais o poder de desclassificar o material.
O encontro de Trump foi com duas pessoas ajudando Mark Meadows, o ex-chefe de gabinete, com um livro de memórias sobre seu mandato na Casa Branca. Assessores de Trump também compareceram.
A gravação é significativa porque mostra que o ex-presidente tinha um entendimento de que os registros que possuía em Mar-a-Lago depois que deixou a Casa Branca permaneceram confidenciais.
Publicamente, Trump afirmou que todos os documentos que trouxe com ele para sua residência na Flórida foram desclassificados, enquanto ele criticou a investigação do procurador especial como uma caça às bruxas política, tentando interferir em sua campanha presidencial de 2024.
A CNN noticiou pela primeira vez na semana passada que os promotores obtiveram a gravação de áudio da reunião de Trump em 2021 em seu resort em Bedminster, Nova Jersey, com duas pessoas trabalhando na autobiografia do ex-chefe de gabinete de Trump, Mark Meadows, bem como assessores empregados pelo ex-presidente, incluindo a especialista em comunicação Margo Martin.
A transcrição da gravação de áudio sugere que Trump está mostrando o documento que está discutindo para os presentes.
Várias fontes disseram à CNN que a gravação captura os sons dos papéis, como se o ex-presidente estivesse agitando o documento, embora não esteja claro se era o documento real do Irã.
“Segredo. Esta é uma informação secreta. Olhe, olhe para isso”, disse Trump em um determinado momento. “Isto foi feito pelos militares e entregue a mim.”
Trump estava reclamando na reunião sobre o presidente do Estado-Maior Conjunto, general Mark Milley.
